Exames de imagem podem ser decisivos no diagnóstico de doenças da tireoide
Ultrassonografia e dúplex Doppler colorido da tireoide são aliados da identificação precoce
ARTIGO DE ESPECIALISTA - ATUALIZADO EM 26/10/2016
A ultrassonografia (US) vem evoluindo de forma muito rápida nos últimos anos e está assumindo um papel cada vez mais importante no diagnóstico das doenças da glândula tireoide. Os equipamentos de ultrassom estão sendo aperfeiçoados progressivamente, tanto na qualidade da imagem quanto nos programas que permitem análises objetivas da glândula. Esses aprimoramentos estão possibilitando a visualização de pequenas alterações da tireoide, cada vez mais precocemente.
O exame de ultrassonografia revolucionou a pesquisa de doenças da
tireoide, especialmente quando inclui a análise pelo Doppler colorido e
pelo Doppler pulsado. Este exame, denominado dúplex Doppler colorido da
tireoide (DDT), é superior à US simples, pois fornece importantes
informações adicionais.
Em minha opinião, quando há algum indício
de problema na tireoide, pelo menos uma ultrassonografia simples deve
ser solicitada. Se disponível, a realização de um DDT é, sem dúvida,
melhor. Esses exames podem mostrar alterações da tireoide antes que a
pessoa mostre sintomas e sinais de doença e mesmo antes dos exames de
sangue.
Quando ocorre grande aumento dos níveis dos hormônios
tireóideos no sangue (hipertireoidismo) ou grande diminuição
(hipotireoidismo) vários sintomas e sinais estão presentes (ver nos
artigos anteriores). Contudo, pequenos aumentos ou diminuições dos
hormônios podem passar despercebidos. O mesmo acontece com os nódulos de
tireoide. Quando grandes, podem até ser visíveis, mas nódulos pequenos
podem não ser notados, mesmo pelo exame de palpação de um médico
experiente.
Um exame simples, rápido, seguro, eficaz e não invasivo, pode ser de extrema utilidade para o diagnóstico precoce das doenças da tireoide
Como exemplo da importância da ultrassonografia, vale
lembrar que a simples palpação da tireoide é capaz de identificar
nódulos em, aproximadamente, 5% das mulheres e 1% dos homens. Já a US de
alta resolução permite a detecção de nódulos em 19 a 67% de indivíduos
selecionados ao acaso. Ou seja, utilizando-se apenas a palpação, muitos
nódulos deixariam de ser identificados.
Na verdade, a grande
maioria dos nódulos é benigna, porém é necessário excluir a presença do
câncer de tireoide que representa 5% a 10% dos nódulos tireóideos. Na
presença de um nódulo, o DDT além ser capaz de detectar o nódulo, pode
mostrar várias características que aumentam a probabilidade de se tratar
de um câncer ou de um nódulo benigno. Na suspeita de um câncer, a
biopsia (punção aspirativa) de tireoide é necessária para esclarecer a
natureza do nódulo.
O mesmo acontece para outras doenças da
glândula, quando o DDT é de extrema importância tanto para
diagnosticá-las, como para diferenciá-las. Entre elas estão: a tireoidite de Hashimoto, a doença de Graves, a
tireoidite pós-parto, a tireoidite subaguda, a tireoidite aguda entre
outras. A tireoidite de Hashimoto, por exemplo, pode estar evidente ao
DDT e passar despercebida no exame de sangue, especialmente na fase
inicial.
O DDT é necessário até mesmo quando o exame de sangue
acusa alguma doença na tireoide, pois além de confirmar o diagnóstico,
permite verificar se outras alterações estão presentes. Assim, se uma
pessoa tem indícios de tireoidite de Hashimoto ou doença de Graves no
sangue, além de o DDT contribuir para confirmar a doença, enseja ainda
identificar nódulos que poderiam passar despercebidos ao exame de
palpação da tiroide.
Desse modo, um exame simples, rápido,
seguro, eficaz e não invasivo, pode ser de extrema utilidade para o
diagnóstico precoce das doenças da tireoide. Entretanto, para que o DDT
tenha as qualidades acima referidas é fundamental que seja realizado em
equipamento adequado e, principalmente, por um bom ultrassonografista.
Caso contrário, pode mostrar falsos resultados que confundem o
diagnóstico.
Portanto, a US ou o DDT são exames indispensáveis que, nas mãos de um profissional experiente, podem ser decisivos para o diagnóstico das doenças da glândula tireoide.